- O Assassinato de George Floyd
De algumas décadas até o presente momento, os Estados Unidos da América são constantemente alvo de fortes manifestações antirracistas, com várias pautas de discussão, e uma ampla e coletiva indignação a reivindicar em uníssono por justiça e punições mais rígidas para os crimes de racismo por parte das forças de segurança, que é composto em sua grande maioria por pessoas de pele clara. O último incidente com maior repercussão ocorreu no dia 25 de maio de 2020, com o assassinato covarde de George Floyd, um cidadão negro de 46 anos, que veio a falecer por asfixia após um dos policiais (Derek) ter se ajoelhado sobre seu pescoço por vários minutos impossibilitando a respiração da vítima. Antes mesmo de ser dada a sentença ao réu, o país já havia se mobilizado em uma grande onda de protestos, sendo que um vídeo que registrou toda a ação criminosa dos policiais circulou na internet. As manifestações que ocorrerream foram as maiores desde 1968, ano em que ocorrera o assassinato do pacifista negro Matin Luther King Jr. Segundo as fontes jornalísticas, foram mais de 75 estados mobilizados, sendo que em 40 deles houve o toque de recolher e a guarda civil, força reservada para situações extremas, foi acionada com a concentração de milhares de soldados.
Tudo se iniciou após uma ligação para a emergência (911) feita de um de um mercado local por um funcionário, que relatou sobre uma possível nota falsificada utilizada por Floyd para pagar um maço de cigarros. O caso repercutiu no mundo todo após as imagens da brutal abordagem policial, e posteriormente o assassinato, mediado pelo método de imobilização indevidamente utilizado para render o suspeito, ser registrado por vídeo feito por uma testemunha presente no local do ocorrido. Floyd por diversas vezes se queixou da falta de ar, tendo a respiração bloqueada por Derek Chauvin que ajoelhou-se sobre o mesmo, mediante o ocorrido, muitos dos manifestantes e personalidades que se solidarizaram com a causa, usaram camisas pretas com a frase “I Can’t Breathe” estampadas na frontal. O caso foi imediatamente comparado ao ocorrido em 2014, quando Eric Garner foi morto também por asfixia após ser preso. O caso polêmico reforçou a discussão acerca do racismo que há muitos anos faz vítimas pelo país, principalmente por parte das forças policiais, que constantemente envolvem-se em casos de assassinato ou violência com requinte de crueldade cometidas contra cidadãos negros, e estes, por sua vez relatam sentirem-se ameaçados por aqueles que deveriam protegê-los e garantir sua segurança. O caso, que não é isolado, reacende também o debate sobre a questão do abuso de poder e de injúria racial, uma vez que as vítimas reclamam de serem alvos constantes simplesmente pela sua cor de pele.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Brookings Institution situado em Washington, DC. e publicada em um artigo de Rashawn Ray, afirma que as pessoas de pele negra têm 3,5 vezes mais chances de serem mortas por policiais do que brancas em situações em que não existe resistência, ataque ao policial ou porte de armas. Entre adolescentes, a probabilidade é 21 vezes maior. As estatísticas indicam ainda que a polícia americana mata uma pessoa negra a cada 40 horas. Para compreender o que acontece nas sociedades atuais, é preciso compreender em primeiro plano o cerne da situação que engloba principalmente as raízes e origens históricas, bem como os acontecimentos que ocorreram e o contexto em que se encontram. A herança escravagista, assim como acontece em muitos países, é esse ponto de partida para entender o racismo nos Estados Unidos, pois a vida dos cidadãos negros não mudou de um momento para o outro a partir da abolição, peguemos como exemplo a segregação racial instituída pelo Estado, que só teve seu fim definitivo em 1964, além do mais, a questão do racismo estrutural também pode ser levantada como um agravante, já que não são apenas os abusos policiais que ceifam a vida dos cidadões negros.
As desigualdades sociais afetam principalmente essa camada da sociedade, que tem renda e escolaridade menores em relação aos brancos, e são maioria entre a população carcerária. Tudo isso serve de plano de fundo para ilustrar toda atmosfera que abrange a questão do racismo. Ademais, a população negra forma a maioria dos indivíduos que estão à frente da economia, justamente por ocuparem postos de emprego considerados de maior risco, como motoristas de coletivos, atendentes de lojas, recepcionistas de hotéis, e etc. uma vez que a pandemia do novo coronavírus gerou milhões de desempregos, e o principal grupo afetado foram cidadãos negros, desta mesma forma eles somaram também o maior número de mortos pela doença.
1.1 O Movimento “Black Lives Matter”
Uma breve análise acerca das raízes originárias do movimento batizado “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam, na tradução literal) revela traços bastante peculiares quanto a sociedade norte-americana ao longo das décadas em seu processo de desenvolvimento e construção, que envolveu personalidades bastante conhecidas ao longo da história. A constante busca por igualdade se revela como uma antiga aspiração de diversas sociedades do passado, o que se arrasta até os dias atuais, haja vista que muitas delas ainda perduram, apesar das diversas mudanças que o mundo testemunhou, até então são gritantes no meio social os reflexos do passado, e é sabido que “a igualdade pode ser um direito, mas não há poder sobre a Terra capaz de torná-la um fato.” (Balzac, 1799).
“Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos e, como são dotados pela natureza de razão e consciência, devem proceder fraternalmente uns para com os outros. […] Se os direitos exaltam a liberdade individual, os deveres exprimem a dignidade dessa liberdade.” (Preâmbulo)¹. O lema filantrópico de cunho igualitário presente na Constituição Americana que passou a vigorar após vencida a guerra e estabelecida a revolução pelos chamados Pais Fundadores da América, não foi amplamente considerado e aplicada em todas as dimensões da sociedade norte-americana, haja vista que parte dos cidadãos eram considerados e tratados não como homens, não como seres humanos, não como cidadãos, e sim como propriedade, seres inferiores que serviam apenas para desempenhar os trabalhos requeridos ao longo da construção da América: são estes os cidadãos negros que naquela ocasião desempenhavam a função de escravos.
Além da declaração da independência redigida em 1776, um dos figurões envolvidos na fundação da América, Thomas Jefferson, é autor de outro livro publicado em 1785, intitulado “Notas Sobre O Estado De Virgínia”². Nesta obra, Jefferson (que era na teoria um ferrenho defensor das igualdades), dedica dois capítulos especialmente para registrar as diferenças tanto físicas quanto biológicas notadas por ele nos negros quando estes eram comparados aos brancos. Nesta obra², Jefferson ressalta desde a cor da pele, a textura dos cabelos, dos comportamentos, das atitudes, da sexualidade, até os comportamentos no trabalho e no meio familiar, e ainda, acerca das suas habilidades intelectuais, dentre diversos outros detalhes, ou seja, fica amplamente clara a distinção (preconceituosa e racista) estabelecida entre negros e brancos com uma maior ênfase a partir deste período. Eles pensam diferente; agem diferente; vivem de modo diferente; são fisicamente desagradáveis e intelectualmente deficientes; estas eram as notações feitas e aceitas, e foi em cima destas convicções que a América foi firmada.
Jefferson possuía dezenas de escravos, bem como a grande maioria dos Pais Fundadores³, e era esse discernimento entre indivíduos que acabou por criar as longas distâncias sociais e ampliar todas as formas de desigualdade, e deste mesmo modo o racismo começou a germinar no meio social, dado que a posse de escravos continuou ainda por muitas décadas a partir dali, até que a abolição fosse enfim decretada. A partir desse documento, Thomas Jefferson se contradiz ao dizer que “todos os homens são iguais”, e justifica a escravidão do povo negro ao deixar explícita a ideia de que estes são incapazes de carregar sobre si direitos cívicos e de cidadania, logo, nem todos são mais iguais, ou, bem como ilustra a sátira, “alguns são mais iguais do que outros” (George Orwell, 1945)⁴.
Mesmo após a Abolição, em 1865, a realidade da nação americana foi marcada pelas desigualdades e pelo racismo que deixou profundas marcas na história. Os estados do Sul, governados pelos democratas após o período de reconstrução, adotaram a chamada lei Jim Crow, uma medida de segregação racial que estabelecia locais separados (cemitérios, filas, igrejas, locais públicos, etc.) para negros e brancos, um decreto que não tardou a se tornar constitucional, sob o lema: “separados, mas iguais”. Apesar de enfrentarem forte vigor por parte da classe política, os grupos de resistência ganharam força e notoriedade a partir da década de 1950, e exigiam o fim da segregação racial e a unificação dos direitos igualitários para todos os homens e mulheres. Haviam dois grandes grupos na luta pela equidade: os pacifistas, sob a liderança de Martin Luther King Jr, e os violentos, liderados por Malcolm X. Martin e seus seguidores almejavam nada mais do que a sua inserção no meio social como cidadãos dotados de direitos assim como os brancos o eram, tendo igualmente o respeito dos demais, sem distinção, sem segregação, sem utilizar a força bruta, sem recorrer à agressões ou à violência, apenas com o diálogo como ferramenta e a luta justa pelos direitos; nas palavras do próprio Luther King⁵:
[…] “Assim como Sócrates sentiu que era necessário criar uma tensão na mente para que os indivíduos pudessem ascender da servidão de mitos e de meias verdades ao reino livre de amarras da análise criativa e da avaliação objetiva, também nós temos de ver a necessidade de impertinentes pacíficos para criar o tipo de tensão na sociedade que ajudará os homens a ascenderem das escuras profundezas do preconceito e do racismo às alturas majestosas da compreensão e da fraternidade.” (Martin Luther King, Jr, 1963).
Em suma, o movimento “Black Lives Matter” nasceu e ganhou força nas redes sociais, e passou a circular na forma da hashtag #BlackLivesMatter, cuja fundação se deu por três ativistas norte-americanas: Alicia Garza, da aliança nacional de trabalhadoras domésticas; Patrisse Cullors, da coalizão contra a violência policial em Los Angeles; e Opal Tometi, da aliança negra pela imigração justa. Hoje, é uma fundação global cuja missão é “erradicar a supremacia branca e construir poder local para intervir na violência infligida às comunidades negras” pelo Estado e pela polícia. O movimento surgido em 2012, após um segurança de um condomínio assassinar um jovem negro de 17 anos depois de uma intensa troca de tiros. Os protestos iniciaram-se após o réu Zimmermann ser inocentado pelo tribunal, sob a alegação dele ter agido em legítima defesa. O caso mais recente que culminou em intensas manifestações do movimento nas ruas dos estados americanos foi a morte de George Floyd, após o réu pagar 1 milhão de dólares em fiança e ser liberado. Estas manifestações foram as mais custosas da história dos EUA, com milhões em prejuízos causados pelos vândalos em manifestação.
- O Conceito de Iconização Segundo Marshall Sahlins
2.1 A Síntese do Social com o Pessoal
Afim de ilustrar o conceito de iconização, Sahlins toma como exemplo o caso do garoto cubano Elián Gonzalez, e destaca o fenômeno de ampliação das relações interpessoais abarcadas pelo macrocosmo político que penetra nas estruturas do caráter pessoal, ou seja, no microcosmo familiar, criando assim uma síntese que envolve o pessoal (o garoto), com o nacional (os interesses políticos), que cria um ambiente composto por dois melodramas: por um lado o social, por outro o pessoal. Sahlins observa ainda como deu-se neste caso o processo de transferência simbólica a partir da relação coletivo e pessoal, e mostra como o naufrágio de uma criança foi amplamente discutido e transformado em uma espécie de “massa de manobra” voltado para os interesses políticos que se davam entre os conflitos de Cuba e dos Estados Unidos naquele contexto. De acordo com o autor:
“O que se transmite com a imagem de Elián como um peão é a inserção desses grandes conflitos nacionais e internacionais no conflito familiar sobre a custódia da criança: uma ampliação estrutural significativa das relações interpessoais que deu a ela grandes efeitos políticos correspondentes.” (Sahlins, pág.166)
E ainda:
“Aqui estão fusões vitais, predeterminadas, de diferentes registros culturais ou níveis estruturais cujos efeitos dialéticos atribuíram a questões nacionais-políticas o caráter de valores de família, e a questões de família consequências nacionais-políticas.” (Sahlins, pág. 168)
Assim, fica claro como houve naquele momento uma apropriação quase que imediata do caso do menino, caso este que por meio da ampliação simbólica sofreu uma expansão passando a abranger diversos pontos e discussões, influenciando fortemente até mesmo nas eleições do ano seguinte (2000). Todas as implicações que giraram em torno do caso criaram uma espécie de “palco aberto” para crítica tanto política quanto social acerca da imigração ilegal de cubanos fugidos do regime castrista; das relações de Cuba e dos Estados Unidos durante os embargos de Clinton, e da discussão principal, que girou em torno do destino de Elián: se voltaria a cuba, o que os cubanos residentes nos Estados Unidos se opunham fortemente, ou se seria repatriado, tornado-se assim um cidadão americano. Evidencia-se assim, como um caso de custódia de uma criança se transformou em uma discussão diplomática entre dois países de regimes políticos diferentes.
2.2 O Processo de Transferência Entre o Macrocosmo Político e os Casos Particulares
Inseridos no processo de iconização, tópicos importantes são citados por Sahlins como sendo fundamentais afim de se compreender o seu dinamismo como um todo. Por um lado, o fenômeno da iconização pode pautar-se na ampliação simbólica de um evento isolado, ou seja, um acontecimento que é único e singular, apesar de possuir outros que lhe sejam semelhantes, toma outros rumos e proporções quando elevado a um expoente de maior interesse (político, ideológico) que se encontra em discussão no mesmo tempo em que se dá o contexto primário (questão menor), e desta forma, geram um ambiente propício para crítica social e/ou política de uma estrutura social que já se apresenta deflagrada. Por outro lado, a iconização revela-se como uma síntese que se estabelece entre o nacional, ou seja, os interesses e discussões políticas e partidárias em geral, com algo de cunho pessoal, como a história ou um drama de experiência social vivenciado por um indivíduo, o que cria uma ponte entre o macrocosmo (o todo), ou seja, a estrutura e as complicações coletivas presentes nos debates de uma sociedade, com o microcosmo (o fato isolado), a ocorrência individual experimentada por um indivíduo, que serve como gatilho no qual o foco encontra-se voltado para interesses de causa maior, como ocorreu com o garoto Elián.
O autor argumenta ainda sobre o fato de certas ocorrências transformarem alguém em “apenas um herói momentâneo”, que “desabrocha por um instante” por meio de algum feito considerado especial, ou dotado de uma grandeza significativa, que surgido “a partir de um lugar-comum,” segue “direto para o esquema maior das coisas, e retorna para uma relativa obscuridade após ter despontado”, o que ilustra bem o caso do garoto cubano, que apesar de ser lembrado por anos após o ocorrido, pode-se concluir que a partir do momento em que se deu o resgate, a situação de Elián serviu apenas como “um motor” que impulsionou o acontecido tornando-o uma base para conflitos muito maiores, que penetrou desde as profundas camadas políticas até as mais delicadas do meio social:
“Junto com a política de Elián, essas associações ideológicas e performáticas apresentam o maior interesse, aqui, por serem como tantas outras infiltrações estruturais do macrocosmo no registro do familiar e do pessoal. Assim, questões internacionais são exauridas em relações domésticas. Consequentemente, o caso Elián levanta não poucas questões sobre a ação histórica. Entre elas está como certas pessoas, bastante comuns, podem tornar-se figuras históricas grandiosas e fundamentais.” (Sahlins, pág. 168)
2.3 A Importância da Amplificação Simbólica
Dessa mesma forma também fica explícita a importância da dita amplificação simbólica para que os fatos isolados que têm correlação direta com a causa maior não sejam ignorados, ou transformados em fatos irrelevantes que levam a ignorar os problemas estruturais que assolam em maior grau o meio social. Em outras palavras, é importante considerar a iconização como parte crucial das pautas defendidas por uma comunidade, se atendo aos detalhes e episódios políticos que aguçam uma causa ou movimento que constantemente é alvo de discussão e objeto de manifestações ao redor do mundo, as sociedades se mobilizam em torno de um objetivo coletivo, já que “esses aspectos contrastantes da existência humana são irredutíveis uns aos outros”, e tal como os pesquisadores e estudiosos do meio social, devemos nos encontrar “freqüentemente motivados a questionar o caráter não consequente de estruturas ou de pessoas”, ou seja, é necessários nos inserirmos dentro de tais contextos que reavivam as discussões acerca de uma causa que abrange o meio coletivo como um todo, e passa a atingir a todos. Afinal “a história faz os que fazem história”, a consciência acerca dos prejuízos comunitários advindos de mazelas sociais como o racismo, a xenofobia, e os demais preconceitos que persistem em transcender os tempos e as revoluções que ocorrem e ocorreram com o decorrer da história são importantes para que a amplificação simbólica seja compreendia como um fenômeno necessário que caminha em sentido contrário à ignorância quanto aos fatos que ceifam a convivência pacífica entre as comunidades e os diferentes povos.
- Georg Floyd: A Causa Simbólica Perfeita
3.1. As Virtudes Estruturais em Função da Crítica ao Racismo Norte-americano
Nas sociedades, a iconização se estabelece de acordo com certas estruturas que competem à causa central um caráter generalista coincidente com os interesses e pautas de uma causa maior, preestabelecida, de caráter moral e de direito que compreendem uma certa casta, raça ou grupo social, que por suas lutas através da história buscaram a erradicação das desigualdades e dos crimes que eram cometidos contra eles. Desta forma, tudo passa a valer em sobressalto principalmente os traços peculiares de ocorrência em si, mesmo havendo um contexto histórico, que se vale de características negativas que se enraizaram no meio social, ainda assim “por trás de tais questões historiográficas estão outras, estruturais, que também esperam uma resposta”. Desta forma é cabível o processo de destrinchar um a um os pontos estruturais que mantêm o racismo ainda presente e reincidente não só nos Estados Unidos, mas no planeta como um todo.
Fatos como a forma e por quem George Floyd teve sua vida interrompida, bem como a conduta ideológica acerca da ação de Derek, atenuado pelas imagens feitas pela cidadã presente no momento do ocorrido, que se viu impossibilitada de agir em defesa da vítima, são detalhes que revelam o quão longos são os tentáculos do racismo que condenam diariamente toda sociedade. Estas minorias, por meio das manifestações do fenômeno da iconização, tornam-se maioria enquanto representantes de uma causa ainda maior, cuja ação reacende as discussões e os embates polêmicos acerca do racismo logo após a ocorrência do que se compreende como sendo uma “causa simbólica perfeita”, que ganham uma maior importância por meio da ampliação de suas perspectivas.
Assim, a voz e a influência do grupo volta a ecoar pelas diversas ramificações do meio social, sendo que “a adequação estrutural da história” transforma os acontecimentos singulares em importantes eventos com a finalidade de reacender um debate. No caso de George Floyd, diversos acontecimentos fizeram com que o seu assassinato trouxesse à tona todas as reinvidicações dos movimentos antirracistas, uma vez que esse caso, apesar de isolado e singular como já dito, possui vários outros antecendentes que são semelhantes a ele tanto em causa quanto em contexto, no entanto, diferentemente dos demais, o assassinato de Floyd ocorreu em meio à pandemia de uma doença respiratória que assola todo o mundo, e, seja uma triste coincidência ou apenas mais uma prova da imprudência policial, morreu asfixiado a queixar-se a todo instente de não conseguir respirar. Além disso, haviam os diversos processos em aberto contra Derek, que somados ao histórico negativo dos crimes de racismo cometidos por policiais brancos, onde a grande maioria terminou sem maiores punições, deixa subentendido de um certo modo que o racismo estrutural na sociedade americana é algo aceitável, normalizado e sem a penalidade devida que crimes desta proporção deveriam receber.
Bibliografia
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VIDAS (NEGRAS) IMPORTAM | AS GRANDES MINORIAS (EPISÓDIO 3): Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hyAGftWKEh0&ab_channel=BrasilParalelo> Acesso em: 24 fev. 2021
¹ DECLARAÇÃO AMERICANA DOS DIREITOS E DEVERES DO HOMEM (1948): Disponível em: <http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/americana.htm#:~:text=Todos%20os%20homens%20nascem%20livres,uns%20para%20com%20os%20outros.&text=Se%20os%20direitos%20exaltam%20a,exprimem%20a%20dignidade%20dessa%20liberdade.> Acesso em: 24 fev. 2021
²COHEN, William, Thomas Jefferson e o problema da escravidão, 2000: Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/ea/v14n38/v14n38a08.pdf> Acesso em: 24 fev. 2021
³Pais fundadores dos Estados Unidos: Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/historia-da-america/pais-fundadores-dos-estados-unidos.htm> Acesso em: 24 fev. 2021
⁴ORWELL, George, A Revolução dos Bichos, 1945, pág.85:
⁵Martin Luther King, Jr: Carta de uma prisão em Birmingham: Disponível em: <http://www.reparacao.salvador.ba.gov.br/index.php/noticias/822-sp-1745380961> Acesso em: 24 fev. 2021
Black Lives Matter: entenda movimento por trás da hashtag que mobiliza atos: Disponível em: <https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/06/03/black-lives-matter-conheca-o-movimento-fundado-por-tres-mulheres.html> Acesso em: 24 fev. 2021
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Embargo Entre Estados Unidos e Cuba: Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Embargo_dos_Estados_Unidos_a_Cuba> Acesso em: 26 fev. 2021
DA MATA, G.V in SAHLINS, M. História e cultura: apologias a Tucídides. J. Zahar, 2006. 331p.
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