Mesmo que eu veja,
Mesmo que sinta
Mesmo em anseios
Mesmo que eu minta,
Independente de tudo
Do nada, ou ainda,
Que eu necessite
Que doa, que fira,
Que rasgue-me inteiro
Como papel cartolina
Que estilhace a alma
Feito vitrine ruída,
Ainda assim calo-me
Deixo a palavra emudecida.
Embora frature
O sentimento mais puro
Embora flecha-me
Desprovido de escudo,
Posto que a voz
Permanece inibida,
Ainda que eu tenha
A consciência partida,
Não obstante,
Permaneço-me mudo
Embora tal sentença
Açoite a cada minuto.
Ainda que convulsione
Este espírito contrito
A bradar pelos olhos
Todo seu martírio,
Com mil razões para clamar
Acerca desta ferida,
Ainda assim a voz silencio,
Pois a palavra é assassina.
por Júnio Liberato
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