Margarida

Margarida é tão bonita,
Que de tão bonita percorri
O olhar de norte a sul
Onde margarida pra mim sorri;
E manhã me cumprimenta
À tardinha recepciona-me ali
Já que não pode locomover-se
Na memória carrego-a por aí.

E desta forma tenho-a comigo
Sempre que julgar necessário
Sem ser preciso privar-lhe a vida
Tirando o melhor, seu significado,
Sua essência profunda e concisa;
O amor é compassivo de culpa
Não arranca, não rasura, não privatiza
E logo perde o seu sentido
Ao perder de vista essa expectativa.

Margarida tem sensatez
Não se desgasta em contendas,
Como fazem os mais tolos
Para ver quem rouba a cena;
Margarida é o que é,
Nunca esbanja com desdém
Nem suborna no vaivém,
Nunca perde seu decoro
Tomando para si o jugo
De sequestrar o olhar de todos.

Margarida é um tanto intensa,
Mas se desmancha à ventania
E sem apego deixa cair ao solo
As pétalas que o tempo lhe tira,
Desfaz-se como tudo que vive
Sem resistir cometendo heresia.

Ora pelo sol iluminada
Acorda de vez enxuta
Margarida então se exibe
Sem carregar medos e culpas
Viva e ao mesmo tempo morta
Para compreender o quão a vida é curta.

Por fim, margarida então me olha,
Sem ao menos olhos pra isso ter
E na inércia de um instante
Torna tão subversa ao meu ver
A convicção já abandonada
Que algo da vida viria a receber;
Pois margarida é ressurreição
Tornando a alma a florescer,
E ensina a sensibilidade como sendo
Uma forma de se enxergar
Aquilo que faz reviver.

por Júnio Liberato

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