Dentre os muros do progresso
Ouço um choro bem contrito,
Sufocado pela mágoa
Respingando no ladrilho
Marcando cada página
Deste manifesto redigido.
Chego mais perto dos tímpanos
O clamor que se condensa
Choro frio, bem lento
Que como cascata despenca
Do olhar de quem testemunha
Essa desigual regência.
Interpreto sem enxergar
A tristeza que ele carrega
Não é pouca, nem recente
Donde a alma jaz submersa
Se arrastando por todo sempre
Nesta realidade tão subversa.
E fica oca por um momento
Aquela vida que desabafa
Voltando ao mundo real
Na fria noite que se passa;
Tristezas novamente se acumulam
Como poeira nos móveis da casa.
por Júnio Liberato
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