Lugar de Passagem

Onde piso mas não deixo rastros,
É onde existo por míseros instantes,
Com a consciência turva, fora do ar
De corpo presente, e alma distante,
Tendo os meus alvos olhos bem abertos
Porém com o foco de visão bem distante.

Onde piso mas não deixo rastros
É onde não deixo uma parte de mim;
Um registro qualquer autobiografado
Ou qualquer outro indício de mim
Como um toque sem sentimento, ou quase;
Um não lugar entre o meio e o fim.

Onde piso mas não deixo rastros
É fato sem importância, terreno baldio,
É onde não existem bifurcações
Onde evito a demora, de modo arredio;

Onde o silêncio ecoa tenebroso
E o vento a soprar os poros é sombrio,
É onde não concentro minhas lembranças
É um lugar inerte, de toda forma vazio.

por Júnio Liberato

22 comentários em “Lugar de Passagem

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