Política Do Avaro

Vassalo das intempéries do acúmulo
Que a alma vitimada como farpa rasura
Guardo até os fiapos de barba caída
Da vida em tudo que posso retiro usura
E o prazo da dívida se apequena ligeiro
O último suspiro no leito quitará a fatura.

Não tenho dúvidas, apenas certezas;
Se não tiver todas as nuvens não haverá chuva,
Se não possuir todo o céu não verei as estrelas
No entanto, eis que ao possuí-las todas
Não retiro sequer meio minuto para vê-las.

Não consigo ouvir nada,
Ainda menos a voz que me implora,
Tenho todos os raios, mas nunca vejo sol
Arrematei todo verde, mesmo assim não há flora;
É um vício interno ansiar todo o mundo,
E após conquistá-lo não sentir em mim a vitória.

por Júnio Liberato

2 comentários em “Política Do Avaro

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