Memória Assassina

O que mata, de fato não é o alheio
O que é externo pode ser evitado
Contornado pois por intermédio do medo;
O martírio velado começa por dentro,
Pela ferida que a olho nu não vejo
Na qual não é fácil se fazer curativo
Nem posso ao menos tocá-la com o dedo.

Esqueçam-se de vez das peçonhas
Dos dardos envenenados pela selva,
E de qualquer outra arma branca
O que realmente mata é a memória,
À qual tanto chamamos lembrança
Porquanto dela brota toda tristeza,
Manancial cristalino de falsas esperanças.

Há desacordos, mas o final é certeiro
Quando um parte e outro permanece,
Joga-se um balde de água fria
Na felicidade que logo arrefece
Logo, o calafrio da morte é um recado
Que a vida dura apenas um momento breve.

por Júnio Liberato

3 comentários em “Memória Assassina

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