Meus soníferos desejos de amor
Passaram-se todos como o vento
A lamber faminto as folhas secas
Inertes e desavisadas sob o pavimento.
A vida é igualmente um abafado disparo,
Um instante que cessa a pulsação
E o tempo, esse dedo invisível
Assassino frio sem coração
Com um estopim sem prévio aviso
Faz parecer que tudo foi em vão.
Viver é caminhar no escuro
Nas mãos do tempo que age em silêncio
Com uma chama de vela, esperança
Que pode apagar-se a qualquer momento.
Na fila do pão, quem é você?
Quem é o elegante anfitrião?
No anfiteatro, no teatro da vida,
Na antesala da ilusão?
Não temos posse, tudo é emprestado
Os órgãos, a boca, o ar, a respiração.
por Júnio Liberato
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