Desver é um verbo sem o menor cabimento
Em matéria de testemunhar,
A morte de um ente, a queda de um muro;
Já que não se pode depor sem relembrar
Nem por decreto daqueles segundos
Que ainda ofegante tento processar,
Não se trata de ter um polido esmero
Na improvisação encenada dos detalhes,
Tampouco se trata da adulteração
Dos objetos tirados de seus devidos lugares,
E sim é sobre decidir quais peças de roupa levar
E quais se deve tirar afim de aliviar a bagagem.
Um murro de esquerda na consciência
Da guarda baixada dos olhos aflitos
Lágrimas em vão tentam apagar o fogo
Das chamas do medo que queima em sigilo
O trauma é um cerol na corda bamba da vida
Resultado de uma alma frágil de vidro moído.
por Júnio Liberato
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