Envelope

Minha alma de vidro moído,
Com meu cérebro retardado
Governam juntos um coração de cristal,
Ambos por uma milícia ensebados
Composta por uma porção de digitais,
Como armas dos crimes mais tresloucados,
Dos casos endêmicas dos contos policiais,
Minha vida romântica é comicamente um fardo
Quando não é, trágica se desfaz,
Mais um inquérito no ficheiro arquivado
Nestes fúnebres envelopados anuais.

Dos olhos pardos como a cor do envelope
Das retinas brilhantes como orvalho
Das roupas claras quarando nos varais,
Dos cachos maduros soltos do carvalho;
Nada posso esperar de causais adereços
Que já não são mais do amor originários.

Nem tudo se transforma, nem tudo se consuma
Algumas coisas para todo sempre serão iguais
Supondo que até mesmo as janelas trapaceiem
É justo duvidar da honestidade dos vitrais,
Quiçá os envelopes que de um a tudo aceitam
Lavo minhas mãos quanto aos ditos “valores morais”.

O que me resta sobreviver aqui dentro,
O que este cárcere privado me traz?
Sinto que tudo aquilo o que vi adiante,
Não foi realmente o desejado lá atrás,
Foi uma miragem de cunho esquizofrênico
Obra concisa dos meus neurônios marginais.

por Júnio Liberato

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