Tapete De Aladim

Hoje acordei com vontade de um roubo,
Atrevido, afanei o tapete do Aladim,
Para ver o tempo passar mais depressa,
E de uma vez por todas cruzar a linha do fim
Um gênio da lâmpada me concedeu o pedido
Não pensei duas vezes, e tão bem decidido:
Quero aquele maldito tapete que voa pra mim.

Estou agora onde nunca imaginei estar,
Buscando à base de tateadas avulsas
No receio ininterrupto da inadimplência
O interruptor que apague as luzes e as culpas.
Queria apenas voar no tal tapete mágico,
Voando mais alto até que as minhas amarguras.

Palavras nenhumas me definem, não mesmo;
Coitado de mim se elas fizessem isso agora,
As ações premeditadas me anulam por completo
Em função deste eventual dolo ocorrido lá fora
Já que as ideias todas juntas me condenam,
E a defesa em xeque se vendo, reclusa se apavora.

Me sinto tão imóvel, com os membros atados
Como inseto qualquer caído na pegajosa gelatina
Não varri absolutamente nada pra baixo do tapete,
Pelo contrário, o usei para ficar somente acima,
De toda sujeira, corpo estranho que me fagocitava
De um mal antigo e ruim para o qual não há vacina.

por Júnio Liberato

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