Boneca Russa

Vejo amores e brinquedos
Se confundirem tão facilmente
Como se fossem meros acasos;
Corações partidos sem anestesia
Rostos com tanta destreza trocados
O ego tornou-se um oceano imenso
O amor, uma gota d’água no marasmo.

Amar requer tanta paciência
Para se preparar antes terreno,
Não se trata de uma invasão
Não ocorre bem como queremos;
O amor de fato se manifesta
Quando dele nos esquecemos.
De tal modo desejo ter ao meu lado
Aquele sorrisinho matinal
Que brota entre dois lábios
De uma forma tão natural,
Como de uma boneca russa
Ganhada de presente no Natal.

Porém, toda vez que me aproximo,
Vejo cópias a surgir no horizonte
Em miniaturas de falso amor
Miragens desérticas de alguns instantes
Despedaçando-se em estilhaços
Como quadros ao caírem da estante.
Toda vez que encontro um coração
Já há dentro dele um outro
E um quarto a preencher este
Que por um quinto apaixonou-se;
E, por coração dentro de coração,
Um amor que não pertence a ninguém
De modo semelhante à tal boneca agrupou-se.

por Júnio Liberato

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