Caminhante à deriva, solitário e enfermo,
À beira da estrada antiga e morta avisto,
Uma mangueira sobrevivente à tantas primaveras
Ao chão não carpinado, seu último fruto jaz caído
Tão rapidamente o apanhei sem titubear,
Fazendo de minhas mãos calejadas seu abrigo.
Na estação sublime que se estabelece
Privilegiada é por ser a primeira do ano,
As flores já fizeram seu desabrochar
E o perfume doce pelo ar deixando,
Para elas, o passado não faz diferença
O ciclo retomar-se-á ano a ano,
A mangueira dará então vida a novos frutos
Contra as revoluções deste mundo vai lutando.
Surgirão flores e mais flores,
Desabrochando ao compasso do vento
Evoluindo de pouquinho em pouquinho
Se transformando a cada momento
Os frutos que hoje são pequeninos
Amanhã serão maduros e suculentos.
E no desfecho da maturidade,
Cairá do pé manga por manga,
E a vida seguir-se-á adiante
Até que o fim encerre esta trama,
Pois a semente germinante de hoje
Amanhã originará uma nova mangueira
Novos frutos de um futuro promissor,
Provenientes d’uma boa semeia.
por Júnio Liberato
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