Por sob a sacada rente à parede
A tenra meiguice em forma de botão
Cortejada pelos insetos mais ousados
Sequestrou-me por horas a atenção,
Logo se abrirá dando as caras pra luz
E para as mazelas de um mundo sem compaixão.
Chegará um dia a ser roseira o pequeno broto?
Se as saúvas não as podarem, sim
Pois, mediante o perigo exposto
Lutam aqueles fetos tão delicados
Para não serem condenados ao aborto.
Flores são apenas flores,
Para os que não sabem as absorver
Não é justo dar tanta ênfase a elas
Quando podadas em um buquê
Dentro de um caixão inerte,
Ou num vaso, e logo explico o porquê;
Colher as flores é um homicídio,
Por privá-las a dádiva de viver.
Plantadas no jardim aos fundos
Ou no campo todo ornamentado
Sinto nas pétalas a sutileza da vida
O elixir do amor no néctar adocicado,
Antes de partir quero ser como as flores
Deixar pelo ar o perfume exalado.
As flores também morrem um dia
No entanto, aos olhos certos deixam o seu legado.
Eu não quero ser mais um pessimista,
O meu desejo de certo é ressaltar
Que como as flores murcham e secam
A vida em breve também findará,
E, se as flores não enfeitam em vida,
Certamente na morte jamais o fará.
por Júnio Liberato
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