Navego sem rumo num lago de flores
Em uma pequena balsa de sonhos perdidos
Como sendo pirata das emoções mais loucas
Tendo no peito um desejo infindo
Fazendo dos meus maiores medos os remos
Que me mantém firmes e em frente seguindo.
Saudade é o néctar da alma desabrochada
Que o tempo ligeiro, beija flor que corteja
Sacia sua sede nos botões do passado
Como a palma lisa de uma mão que tateia,
Os frutos maduros de uma árvore
Que as mãos do mesmo tempo semeia.
Mas que ofício atribuirei à saudade?
Bem sei que não sou bom empregador
Para essa mendiga banhada em vaidade,
Pedindo esmolas sem nem merecer,
Oferecerei a ela as migalhas dos olhos
Lágrimas frias, derramadas por querer.
Pois bem sei que de fato, na verdade
Não há como escapar ileso desta forca
Esse mal que todos intitulam saudade
Sequestra-me a paz quase que à força
Obriga-me a desfazer das suas malas
Porquanto jaz o perfume ainda vivo nas roupas.
por Júnio Liberato
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