Palavras

Palavras são loucas, preces às vezes faltosas
Nem sempre convém entoá-las ao léu
Quem mede as suas, filizardo se torna
Um vocabulário restrito é sim menos cruel
Quem não pensa demasiado antes da fala,
Puxa o gatilho, mata, e por fim se torna réu.

Palavras são muitas, e bem se adaptam
A variados ofícios herdados da língua
Farpas afiadas que ceifam a alma
Içadas bigornas, desbotada melanina
A palavra que despe a alma vendada
Pode ser a mesma que sem dó a assassina.

A corda que ameaça de morte um pescoço
Nem sempre é aquela que tira uma vida
No laço está contido todo o segredo
Nas palavras amargas, o beabá da injustiça
Dos mexericos e testemunhos não apurados
Que juntos somados, levaram ao fim da linha.

A hipocrisia mora nas rachaduras discretas
Dos secos lábios, secos de serenidade
Já que a arrogância de uma palavra irrequieta
Faz jorrar toda uma fonte que invade
O aconchego sereno da quietude da alma
Que as palvaras às vezes violam a privacidade.

por Júnio Liberato

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Crie um site ou blog no WordPress.com

Acima ↑

%d blogueiros gostam disto: