Contemplo em silêncio na lucidez dos sonhos
A singularidade mais rara desta vã beleza
Ilhado há muito no paraíso imaginário
Num mar agitado cujas correntezas
Levam a um caminho totalmente livre
Enquanto um segundo, jaz na incerta.
Singelos mares da absoluta frieza
Nos quais atrevido sem bússola navego
Minha nau imersa em suas águas geladas
Tendo como destino o esperado arquipélago
Onde eu possa atracar por fim em terra firme
E enfim de todos os meus medos desapego.
No entanto, o casco frágil deste navio
Sempre se choca infeliz com algum obstáculo
Sejam eles icebergs, gigantes de gelo
Ou polvos marinhos que com seus tentáculos
Se entrelaçam nas turbinas do meu coração
Válvulas de escape deste mundo lunático.
Naufrago de vez, sem antes poder atracar
E aflito permaneço fiel junto ao mastro
Tantas foram as léguas desta busca marítima
Entretanto, agora não sobrou sequer o rastro
Na melhor das hipóteses, apenas lembranças
De um simples marinheiro que se afogou solitário.
por Júnio Liberato
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