Quenem Maré

Os ponteiros do relógio são crianças arteiras
Bailando embriagadas numa redoma,
Quenem as marés atrevidas de um mar
Deveras revolto e instável, cujas ondas
Fazem movimentos tão ligeiros
Bem como o tempo que se propaga
Em movimentos distorcidos e aleatórios
Enquanto por sob os pés a vida passa.

Os relógios são moleques marrentos
Que insistem em testar nossa paz
Quenem aquelas marés rebeldes,
Como sentimentos que vem e vão,
Que a vida leva e traz,
Se desmanchando assim, velozes
Nas rochas de minhas dúvidas vorazes
Que repousam em desordenados montes
Na orla de minha mente desertada.

As horas são jovenzinhas mimadas
Que não devolvem o tempo roubado
Quenem as marés de um oceano imenso,
Ou, como nuvens dispersas no céu claro
Quando o humor se revela tão indeciso,
Quanto a escolha das roupas no vestiário.

O tempo é um senhorzinho rabujento
Dando bengaladas em todos que encontra
Quenem as marés borbulhantes de espuma,
Ao se chocar com o verso frio da prancha,
Como lágrimas salgadas banhando os rostos
Corados pelo calor suave da esperança,

Enquanto os cabelos ondulados e sedosos
Como as ondas que lambem a areia dourada
Secam as gotículas de emoção ou desgosto
Que na vitrine do olhar foram condensadas
Quenem as marés de um mar qualquer
Que levam para longe mensagens engarrafadas.

por Júnio Liberato

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