No rodapé da vida alheia jaz rabiscado
Meu eu traçado em anotações vulgares
Ditadas por línguas irrequietas do mal
Boatos e mexericos aos milhões espalhados,
Ao vento e às brisas, mensageiros fugazes.
Sendo que nestas páginas encardidas
Apenas minhas falhas pautadas estão
Calúnias escritas com a própria saliva
Sangue nas veias de quem carece do pão,
Ranço, seiva bruta da inveja alheia
No cerne dos olhos cegos que bilhou
Enorme repúdio, em tom de ódio e malícia
O cintilar da minha estrela guia ofuscou.
Sob a luz do luar e do sol regojizo,
Afagado por amor, ao ódio declaro guerra
Banhado de ódio declaro paz ao inimigo
Mas, se o perdôo sou fraco e covarde
Soldado ferido que abandonou a promessa.
Porém, se omito o perdão meu ego é suprido
Pois, o ódio alimenta a alma nua, depressa
Cujo coração que fere por ser ferido
A si mesmo declarou antes de tudo a guerra.
Todo mundo já foi trouxa algum dia, aposto
E eu, com cara de pau e atrevimento infindo
Sei que me submeti a erros repetentes
Dos quais lemento, em desespero e aflito.
Amargo é o sabor da recordação que persiste
De um eu que vive em pensamento velado
Que sem dedicatória numa lápide de mármore
No passado de minha história foi sepultado.
Abandonados na periferia dos meus sonhos
Enterrados estão retratos antigos
Cujos rostos na moldura do agora
Me machucam demasiado por ódio remoído
Pois, mata a alma aos poucos, sem pressa
O ódio quando existe, todavia é omitido.
No entanto, em suma, sinto o gosto do fel
Quando o ódio é exaltado e o perdão esquecido.
por Júnio Liberato
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