Externamente, meu semblante pode até enganar:
Trago algumas marcas que herdei do tempo
Que o meu rosto vem a estampar.
Misturadas às profundas cicatrizes
Que pela vida afora colecionei,
Cada açoite que me marca,
Uma lição que sempre recordarei
Erros que custaram tão caro,
Todavia, tais dívidas quitei.
Confesso com muitas lágrimas
Ter regado com esperança,
Espinhosas flores ingratas,
Das quais conservo na lembrança
Cada espinho com que cravejaram
A minha inocência cega de criança.
Ainda assim, não se engane!
Por dentro, sou inteiramente de vidro,
Quebradiço e frágil tanto quanto
E apesar de não possuir um aviso:
“Manuseie com muito cuidado”
“Carregue com todo carinho”
Ainda assim, meu coração vive estilhaçado,
Talvez por descuido, talvez, por descaso
Ele escorrega tão facilmente
Das mãos de quem inutilmente
O entrego aos seus cuidados contidos.
por Júnio Liberato
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