Quanto mais eu vivo, mais degraus subo na cotidiana busca pela ascensão e pelo sucesso pessoal, entretanto, diferentemente do que dizem por aí, para aqueles que têm um real compromisso com seus sonhos, quanto mais alto avançarem, maiores serão os projéteis disparados em sua direção. A queda por sua vez, está reservada estritamente para aqueles que duvidam de sua própria capacidade, dado que em algum momento irão fraquejar e abortar a sua própria caminhada, e para eles, nada poderemos fazer, pelo motivo de que o primeiro passo para a mudança, ou para qualquer outra coisa que seja, é sempre o nosso, e ninguém poderá dá-lo por nós, em algum momento um bebê precisará aprender a caminhar sozinho, com suas próprias pernas. Tudo se deve ao fato de que vivemos para crescer e conquistar coisas e pessoas, se assim não for, não vivemos, visto que o que move a vida são as pequenas realizações que fazemos dia após dia. Sempre que produzirmos frutos, alguém estará lá para nos apedrejar. A força com que você lança uma pedra contra uma laranjeira, não é a mesma que o faz em direção a uma mangueira, ou um abacateiro, uma vez que cada árvore produz frutos em uma determinada época, cada uma possui suas características específicas, como o seu tamanho e o tamanho e o valor dos seus frutos, e os invejosos sabem muito bem disso, então, serão cada vez maiores suas investidas contra nós.
Eu busquei ter como base de vida a natureza, posto que vejo nela uma arquitetura e uma engenhosidade tamanha que não consigo explicar de outra forma que não seja Deus, e sendo assim, me inspirei muito nas árvores, pelo motivo de que ao observá-las eu pude notar que são bem preparadas para enfrentar os contratempos, e são justamente aquelas que possuem as raízes mais profundas e fortes, que são capazes de desafiar e resistir até mesmo a mais forte das tempestades. Quantas vezes não gostaríamos de ter sido como estas árvores e nos preparado com antecedência para os incidentes? Bom, não importa mais o que passou, o que interessa para nós são os fatos presentes. A verdade é que não podemos ser indivíduos deslumbrados demais, porquanto, assim como tudo pode dar certo, tudo também pode dar errado, as probabilidades são equivalentes neste caso. Mas, faz parte vacilar de vez em quando, a fim de que possamos aprender a nos precaver. Percebi também que toda árvore deixa cair no chão os seus frutos podres, ao contrário de nós, que teimosos e apegados demais em determinadas coisas, insistimos em carregar os nossos erros, fazendo deles um fardo que pesa mais a cada ano, até que algum dia se torna uma imensa montanha de negatividade e nos esmaga. Mas as plantas não, elas são magistrais e muito interessantes, com bastante elegância elas simplesmente deixam que eles caiam dando espaço com finalidade de que outro se desenvolva no tempo devido, além de deixar os galhos mais leves. É a lei trivial da natureza, deixar ir, deixar cair, e deixar o vento levar; as galhas quebradas, os frutos podres, e as folhas secas, sucessivamente. Outro detalhe que me surpreende, é a capacidade das plantas de florir e deste modo, atrair abelhas, beija-flores e outros insetos que maravilhados pelo seu cheiro agradável, e pelo seu doce néctar, lhe beijam e lhe acariciam, mantendo o ciclo reprodutivo e colaborando com intuito de que a espécie daquela planta se perpetue, isso me desperta a importância de ser como elas no que diz respeito a florescer, ou seja, uma etapa que marca o início da produção de novos frutos, anunciando também o início de uma nova estação do ano, finalizando uma fase e dando início a outra, é assim que a vida deve ser. Viver é um delírio para os preguiçosos, todavia, é um desafio tentador para os corajosos, e para estes, o difícil mesmo é não tentar.
Em meio as metáforas da vida e aos desenganos pelos quais passei, acabei por me dar conta de que são muitas as posições que assumimos durante a vida, e é nestas idas e vindas sublinhadas por sacrifícios, subidas e descidas íngremes, que aprendemos valores e compreendemos que nosso ponto de vista é muito diferente do ponto de vista de outras pessoas que nos cercam ou rodeiam, e que às vezes fantasiamos demais de acordo com os nossos interesses, nos esquecendo que outras pessoas podem não interpretar ou nos receber com a mesma intensidade ou frequência que desejamos. Mesmo que não sejamos analfabetos no que tange à educação, não são poucas vezes que somos analfabetos pela vida afora, fazendo discernimentos errados e interpretando as coisas de uma maneira que no fim acaba por nos decepcionar, em virtude das expectativas criadas. Quase sempre a esperança em se encaixar de qualquer modo em lugares que não nos cabem, acompanham nossa insistência em fantasiar e criar jaulas que se tornarão nosso próprio cárcere. No entanto, é preciso ter compreensão de que aquilo que é nosso e as coisas que estão a nós destinadas vão se encaixar no momento oportuno sem que seja preciso se esforçar para caber em vagas das quais somos grandes ou pequenos demais para preencher, é necessário manter nossas miras voltadas apenas para os alvos que nos cabem. O problema é que estamos acostumados à facilidade de acesso às coisas, e deste modo, os desafios, sejam eles pequenos ou grandes, são encarados como inconveniências, ao invés de serem enxergados como oportunidade de crescimento que a vida nos apresenta de várias formas distintas. Quase ninguém mais pensa neles dessa forma, na verdade, o que fazemos é simplesmente descartar ou ignorar a existência destes contratempos, focando apenas no sucesso, quando na verdade a vida se revela em sua maioria uma enciclopédia de grandes fracassos. Não podemos esquecer de modo algum que toda história tem conflitos, e são eles que traçam os rumos dela. Viver é compreender que acasos não existem, nem destinos são fixos, dado que são apenas nomes atribuídos a circunstâncias que na verdade são aleatórias, a vida é completamente aleatória dentro das escolhas que fazemos, ninguém acerta com cem por cento de precisão o centro do alvo, na verdade, são muitas das vezes que acertamos onde nem sequer pensamos em mirar, e isso deixa explícito a nossa incapacidade de previsão e certeza quanto aos acontecimentos da vida.
Não obstante, é uma bobagem pensar que a minha vida foi ou é um favo de mel, me adoçando o paladar o tempo inteiro, na realidade são raros os momentos em que sou contemplado com esse sabor tão delicado e desejado do mais refinado mel, pelo contrário, sinto o gosto amargo das palavras ecoando das bocas ordinárias daqueles que me apunhalaram pelas costas, e depois, correram para fingirem companheirismo amparando minha queda. Sinto o hálito morno acompanhado por seu característico odor putrefato, semelhante ao dos esgotos mais horrendos a céu aberto dos quais fui testemunha ocular da sua existência em meio a locais diferentes da cidade. Sob um sol de muitos graus queimando meu rosto (já que não tenho hábito de me proteger dele), sentia penetrar pelos meus ouvidos aquelas palavras toscas, desferidas a mim em forma de insultos e críticas, com a mesma intensidade e violência de projéteis de ponta oca disparados de uma arma qualquer à curta distância. Enquanto eu me permiti ser atingido por pedradas deixando que estes impulsos me controlassem, sofri com intensidade. Os olhares pesados e negativos voltados para mim não eram poucos, nem eram estranhos, entretanto, tenho convicção de que o que enche de um brilho perverso os olhos do tolo engordando-os, é a inveja, e esta mesma se encarregará de fazê-los sofrer. Os invejosos se alimentam do nosso desespero, e desejam a todo custo despertar em nós a vontade de abandonar a vida e viajar para o incerto mundo que há após o véu escuro da morte.
Tem gente que não ama, mas sim escraviza e prende, pois desconhece o fato de que o amor é como um cavalo selvagem que cavalga à soltas e não pode ser aprisionado. Desta forma, o amor pode também ser aquela ave canora que muitas vezes deixamos que parta, pois nos distraímos e esquecemos as portas da gaiola aberta, e ele aproveita do nosso momento de distração, porque amor é uma ave rara e bela demais com intenção de que seja mantido em cativeiro, num espaço delimitado pelas grades enferrujadas de um coração de aço. Quando somos imaturos, podemos facilmente adotar este papel de carrasco que diz amar, mas, que na verdade desconhece completamente a dimensão e poder libertador deste sentimento. Quem ama não aprisiona, nem com correntes, nem com grades ou algemas de qualquer tipo, este sentimento é semelhante a um cavalo selvagem que não admite ser tocado ou laçado, pelo menos não pelo uso de força bruta, todavia, com as técnicas certas e o carinho devido pode ser adestrado. Quem ama sabe o valor que aquele objeto ou pessoa tem, e sabe também que ela não vai partir ou deixá-lo, já que o abandono é algo que apenas os indivíduos monstruosos e mais perversos, que tem o coração há milhares de quilômetros do aconchegante calor do amor, são capazes de cometer tal ato. Busque não deixar se enganar e permitir que pessoas assim entrem em sua vida. Precisamos nos permitir, ao invés de deixarmos que experiências ruins nos prendam e nos impeçam de tentar, pois no meu caso, fico com uma vontade incontrolável de saber de descobrir que sensação é essa de que os apaixonados, os românticos, os lunáticos, os poetas e amantes desfrutam, e o que de fato sentem quando estão completamente presos e perdidos, nos braços de seus amados, sendo que o único lugar que devemos sentir prazer e satisfação em estarmos presos, é num abraço verdadeiro e caloroso. Compreenda que apenas pessoas inseguras recorrem aos métodos mais sujos para manter alguém a seu lado, já que não são capazes de serem maiores que seus medos, aqueles que eles mesmos alimentam.
Amar para mim, foi em todas as vezes como caminhar rumo ao incerto, enquanto esperava ansiosamente por viver momentos dos quais ficava imaginando antes de dormir, algo tão raro e intenso, diferente destas superficialidades que se vê por aí, cheia de reciprocidade e de momentos felizes se sobressaindo sobre os demais, entretanto, eu deveria ter esperado sentado, já que aguardar em pé, foi uma experiência bem dolorosa e cansativa para minhas pernas, pois todas as vezes em que me jogava ávido e desesperado a um par de braços qualquer, o fazia como um louco desvairado que caminha em direção ao abismo, pronto a se jogar no vazio, na espera de que sua dor encontre ao fim da queda o derradeiro alívio que a alma em vida se encontrava confusa e incrédula demais para entrever. Se apaixonar não dói tanto assim, o que dói e fazê-lo às cegas, sem conhecimento próprio de si mesmo, sem saber que somos como um lustroso e florido vaso de plantas, que se for confiado a alguém que não tem o dom da jardinagem, vai deixá-lo num canto avulso da casa, descuidado, ou na pior das hipóteses, permitir que ele caia e se parta em milhares de pedacinhos. Se apaixonar pela pessoa errada é algo que me aconteceu muito, e confesso que ainda nos dias atuais me deixo levar pela vontade permitindo que ela me lance dentro das armadilhas do coração indomado. É a pior experiência que tive em minha adolescência, de tal modo que desenvolvi um certo receio de me envolver em qualquer grau que seja com seres humanos, com maior ênfase, aqueles bem amargos e indelicados, que além de não me corresponderem, ainda rejeitavam minhas cartas de amor como se elas tivessem sido endereçadas ao destinatário errado, e como se não bastasse isso, descartavam as flores, como se descarta algo qualquer na lata de lixo, mas comiam os bombons, deixando claro que só sabem se aproveitar da situação, jogando fora aquilo que são incapazes de ser ou retribuir, conservando somente aquilo que lhes agrada. Entretanto, ser bobo me despertou interesse em me tornar esperto, e fui capaz de enxergar que aqueles erros estavam ali para isso, percebi que é possível controlar, e até mesmo evitar essas emoções e constrangimentos que não possuem relevância alguma em minha vida. A partir do momento que se adquire uma certa maturidade, dá para compreender que devemos agir com emoção em tudo que fazemos, porém, é necessário que haja um mecanismo, neste caso a razão, para nos refrear, julgar e medir as decisões que estamos prestes a tomar, porque atitudes sem razão causam apenas dores de cabeça, e algumas, são irremediáveis.
Me deixa sim um pouco incomodado o fato de quase ninguém querer mais viver os momentos da vida com a devida intensidade exigida para que ela não perca o encanto, e a vontade de permanecer vivo caia em desuso. No entanto, agradeço muito que a vida me tenha sido tão filha da puta ao ponto de que mesmo nesta época tão nefasta, tenha sido capaz de aprender de algum modo (no caso, o mais sofrido), que é preciso em um dado momento se desfazer dos devaneios de criança, já que na adolescência, o manto que cobre nosso olhos é rasgado e podemos ver o mundo real que há através da cortina e da redoma de vidro que a infância de certo modo nos proporciona, desta forma tive que deixar de ser um idiota, um bobo alienado aos meus próprios delírios, e passar a converter toda desilusão em uma luz potente e focada que iluminasse unicamente meus passos, e não um alguém que eu porventura houvesse colocado em um pedestal. A vida tem uma linda face oculta ainda desconhecida que todos precisam encontrar a sua forma de descobrir, e sendo a vida tão rara, não é justo caminhar às cegas por aí, a escuridão só pode ser afastada com a luz, e são muitas formas existentes de iluminar um caminho, escolhi iluminar o meu com a luminosidade da razão e da veracidade dos fatos que por vezes tentamos encobrir e crer que não são verídicos, a fim de manter as nossas crenças mais vivas do que a realidade que nos cerca. Fui um cego que optou por enxergar, e ao abrir meus olhos vi que esta luz que me iluminava, clareava também todo espaço anteriormente escuro ao meu redor, deixando explícito para mim que a solidão é apenas um estado do ser ao qual vertemos um olhar de certo modo egoísta. Nascemos só, e só vamos fazer grande parte das coisas pela vida afora, e no fim, vamos para o túmulo sozinhos, em nossa própria companhia, e morta. Enquanto estamos vivos, habitamos um corpo, sozinhos, de um certo ponto de vista a solidão deve ser apreciada e conviver com ela é uma tarefa que todos devem aprender com o propósito de que não passemos a vida achando que só poderemos ser plenos e completos na presença de alguém, quando na verdade, dependendo de quem for este alguém, estaremos transformando nossa vida num verdadeiro inferno de Dante.
Lindo texto, intenso!
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Obrigado pelo carinho e pela visita, abraços. ❤
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