Pisando em terras alheias ao meu ser
Sinto o vapor da essência se esvair,
Enquanto manipulam os espaços vazios
Sem fazer uso de cabos de aço nem fios
Modificam os sentidos do verbo “sentir”.
Sangram meus ouvidos ao ouvir
As palavras que as bocas fazem pronunciar
Com um hálito pesado, conciso e frio
Que ecoa seco e pálido no vazio
Mas, meus olhos devem se acostumar,
A ver o seboso lodo devorando a flor
O lobo ao lado do cordeiro pregando “amor”
Fomentado pelos urubus vorazes
Que sozinhos, vêem-se incapazes
Pois pairam famintos por sobre o ar.
Devo me acostumar com isso,
Vendo menos luz enquanto o relógio acelera
Inverteram-se de vez os papéis:
O negro e denso breu é quem lidera,
Escondendo a verdade e a razão
Do nosso limitado campo de visão
Enquanto mascara com maestria o rosto da fera.
por Júnio Liberato
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