Panela de Pressão

As ideias;
Às vezes são ardorosas labaredas,
Às vezes, são suaves como fogo de palha.
Estas mesmas, que consomem a velha catedral,
Ou, um castelo de pedra medieval.
Saí pela tangente, e sei que certamente
Todo fogo um dia se apaga.

Os sentimentos;
Quase sempre iludidos,
Quase sempre, magoados.
Sob o véu da mesma lei
Sob o mesmo céu, que cobre mendigo e rei,
Eu sei, e como sei, que um dia
Toda forma de sentimento
Seja pura, seja imunda, seja intenso,
Findar-se-á numa lápide de mármore lavrada.

Os cenários;
Episodicamente melancólicos
Como a cólica que maltrata
Um ventre frustrado.
Ora aperto o gatilho,
Ora, já engatilhado
Miro contra a mente
Inconsequente, atordoado
Cansado de levar adiante
Este fardo tão pesado.

Vida.
Uma válvula de escape é preciso.
Os pensamentos se desordenam
Como os fusos de um horário indefinido
Me transformei numa panela de pressão
Desembarquei no porto solidão,
Preciso em urgência, desabafar através do pino.

por Júnio Liberato

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