Sinto muita vontade de desbravar o mundo, de correr, ir atrás dos meus sonhos e de todos os meus desejos, defendendo meus maiores ideais, superando-me dia após dia. Quero andar por inúmeros caminhos ainda não desbravados, trilhar longas estradas ir e voltar, trazendo em minhas mãos o resultado de todo esforço do meu trabalho como troféu. Porém, por muitas vezes torno-me covarde, sujeitando-me e curvando-me ao medo extremo e então, as minhas pernas tremem, meu coração acelera, minhas vistas embaçam, não consigo suportar nem resistir a tudo, porquanto, sempre vejo muita covardia, seja noite seja dia, o abandono e a amargura guiadas pelo egoísmo, parece que a paz foi passear em outro lugar e se esqueceu de retornar aos nossos corações. Com a paz escassa, meu mundo interior entra em guerra com o exterior.
Retomo mesmo assim a caminhada, mas, as estradas em que eu trafego estão esburacadas muitas vezes até abandonadas. Sem rumo e sem destino sinto-me algumas vezes, meus pés doem e enchem-se de calos, complico-me mais interiormente, contudo, com uma boa noite de sono tudo passa, só a fé e o amor verdadeiro não passam nunca. Pessoas também andam pelos caminhos que se cruzam com os meus, de vez em quando elas desaparecem como num passe de mágica, levam consigo a felicidade, as decepções.
Levam às vezes também um pedaço de mim. Viajam na imensidão dos caminhos que se cruzam e, muitas vezes, desaparecem para todo sempre, já outros se perdem por motivos banais. Alguns podem até retornar, melhores, piores ou iguais trazendo novos sentimentos, razões e emoções que encontraram nos seus caminhos que também se cruzaram a outros. Encontro pessoas perdidas, tristes e abatidas.
Nasceram algumas amizades novas e recuperei as antigas, todavia, em algum momento tenho medo de estender minha mão para tirá-los deste poço de amargura que se formou em suas mentes e que os dominam. No fundo dos olhos destas pessoas há uma escuridão sem fim. Tento encontrar a luz e perco-me também naquela escuridão imensa. O breu que toma estes olhos não é comum, vem de muito tempo atrás numa junção de momentos e de erros mal resolvidos e sem solução que se tornaram uma enorme bola de neve.
Alguns deles se entregaram ao desespero e procuraram o caminho mais fácil, trilharam alguns atalhos errados, atalhos estes que, muitas vezes não tinham retorno, então muitos não tiveram a chance de se arrepender e de se redimir. Então, entristeço-me, o meu futuro ainda existe mas, algumas pessoas não tiveram a chance de ao menos planejá-lo.
Nas pontas dos meus dedos, eu decido o que vou escrever e como vou escrever, com minha mente desejo e imagino com todas as minhas forças, que muitas vezes estão desgastadas, com meu coração transmito o amor, mas com meus braços eu carrego todas as esperanças e meus sonhos do maior ao menor. Vou com calma para não os deixar cair apesar de serem muitos e de encherem meus braços. Caminho devagar pelas estradas e caminhos. De vez em quando não tem jeito, cai alguma coisa, mas em algumas destas vezes alguém me ajuda a carregar.
Não é fácil, são as próprias pessoas que encontro no meu caminho que podem derrubar as esperanças e sonhos que carrego, estas pessoas caminham lentamente, mas fazem o trajeto inverso e regridem cada vez mais, só fazem desmanchar a felicidade de quem encontrar no seu caminho, elas estão imersas em ódio e cegas de avareza. Não caminham, vagam por um trajeto de incertezas.
Algumas deixam que os sonhos caiam, outras escorregam, mas sempre tem alguém disposto a levantar, a ajudar. O propósito de algumas vidas que caminham é ajudar os outros a caminhar, são anjos que do céu partiram para andar nos caminhos que nos guiam e nos ajudar a atravessar a caminhada extenuante desta imensidão que chamamos vida.
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