Os Altos E Baixos Da Vida

Ocasionalmente, nossos dias podem ser quase sempre comparados àquelas minúsculas gotas de água prestes a se dissolverem no ar de modo sigiloso e sagaz num processo previamente programado para assim ocorrer e, logo que se percebe, a lagarta já se transformou em uma bela borboleta, o dia já cedeu lugar à noite e, o cachimbo de certa maneira escorregou de seus lábios sem que você fosse rápido o suficiente para agarrá-lo antes que ele se espatifasse no chão. Os fatos não te esperam decidir ou, se quer pensar que eles ocorrerão, é algo repentino, alheio ao seu controle, isento às suas vontades, você presencia o momento feliz se transformando de uma linda tela repleta de cores e misturas de tons claros e escuros suavemente pintados com um pincel macio, em um cenário tenebroso, horripilante, típico de filmes Hollywoodianos; num piscar de olhos a brevidade da existência se faz presente em seu entendimento lógico, de tal modo que a ausência de um alguém que não está mais presente, o cristal predileto que se parte em milhões de pedações, o tão amado bichinho de estimação que morreu ou, até mesmo aquela velha saudade de tempos já passados, marcam o fim de um evento real, entretanto, breve e imprevisível: a permanência das coisas. Tudo está fadado ao esquecimento, todas as coisas vão se desmanchar com o tempo e, todos irão partir mais cedo ou mais tarde. As coisas estão a todo instante se reinventando e se movendo, pode ser que no centro deste evento físico, biológico e matemático, você esteja paralisado em meio a um vazio que não lhe permite sair da sua conformidade ou descontentamento e ir em busca do melhor para si mesmo. Mexa-se! Os conflitos não param, se reiniciam, mas, sempre de modo díspar ao ocorrido anteriormente, como se houvesse um ciclo e, inserido neste, uma espécie de escala evolucional que vai se aprimorando no desenrolar da trama no “tic-tac” do relógio da vida, na presente realidade que está sempre paralela ao seu imaginário, em hipótese alguma estas duas linhas tênues e antagônicas podem se tocar ou se cruzar. O acaso sempre está batendo à sua porta com uma presente coincidência, tentando a todo custo lhe convencer que seus sonhos nunca irão se concretizar com precisão total, uma vez que as probabilidades são inúmeras e, você não tem a capacidade (nem o direito) de elaborar uma fórmula aritmética apta a transformar o fenômeno da existência em uma constante, por que ela sempre será uma variável e, é preciso que ela seja, se assim não fosse, a existência seria inútil e a evolução uma aberração da natureza.

Aproveite a luz enquanto ainda a pode enxergar, viver em comunhão com o presente e com a sua própria presença é de suma importância para evitar aborrecimentos futuros que são muito comuns a quem busca no externo e no alheio, as energias positivas, as ações satisfatórias e os complementos que precisa para se sentir feliz e satisfeita. Quando se perde o controle emocional e a capacidade de amar a si próprio, a claridade da razão simplesmente desaparece e cede lugar à escuridão do desgosto e da mágoa, sendo que se depositando no outro, você nunca terá a garantia de se sentir seguro e realizado por inteiro. As pessoas são egoístas por natureza evolutiva. A passagem que antes era livre para se escolher sempre os melhores caminhos, torna-se um beco estreito semelhante a um calabouço úmido, frio e assustador quando se passa a viver nos outros e para eles; posteriormente a este estágio, você passará a se isolar pouco a pouco em sua própria mentalidade alienada. Seus sentimentos magoados serão o combustível que alimentarão seus pensamentos individualistas: eis que se passa a julgar um livro pela capa, o boi pelo tamanho de seus chifres e todos por um só. A desconfiança começa a dispersar sementes que germinarão com raízes profundas em você, fazendo com que sua mente se torne um enorme cárcere de dor e tristes recordações, uma bigorna completamente pesada e esmagadora, que aniquila qualquer vestígio de esperança que até então ainda se fez perdurar em você. Tudo por que você não amou ou auxiliou as pessoas, mas sim, passou a viver por elas.

Ainda que se viva triste e descontente com a frieza que se instaurou na atualidade, é preciso ter mentalidade forte e pensamento firme com a finalidade de se passar pela vida derrubando os obstáculos emocionais que encontramos pelo caminho, se fortalecendo internamente. Se você não bate de frente com seus problemas e não os encara, eles certamente vão lhe derrubar do mesmo modo como uma bola de boliche derruba os pinos no fim da pista, quanto para mais longe você fugir, maior será a intensidade com que eles irão lhe golpear. Viver bem se tornou uma tarefa desafiadora nos últimos tempos. A falta de fidelidade, a correria cotidiana, as decepções e as ansiedades, desgastam tanto o físico como o psicológico, mas, com destaque especial para este segundo que, pode trazer sérias complicações como a depressão, por exemplo, que é um desequilíbrio químico neural que provoca alterações negativas no humor. Com tantas tragédias ocorrendo, parece que sorrir já se tornou algo do passado de tempos que já foram bons e quando ainda valia a pena sorrir, ser feliz então, nem se fala! Converteu-se em algo distante difícil de ser alcançado; e o medo vem, a ansiedade chega, a dor permanece, o pavor se instaura, a melancolia toma conta. Aquelas dívidas antigas consigo mesmo que não foram quitadas no tempo devido e em momento oportuno, agora voltam uma a uma à sua vida com todos os juros devidamente ajustados prontos a lhe debitar a paz, o sossego e a sua sanidade, os itens de maior valor nesta lista de cobrança na qual você se afundou, talvez por estar cego demais, talvez, por não se dar conta a cada dia que deveria somente viver o essencial, deixando cada lágrima para ser chorada quando chegasse a hora, sem conviver com o remorso do ontem, nem a ansiedade do amanhã; de não acordar e agradecer, de não se engrandecer com as experiências cotidianas, tendo em vista executar somente o fundamental para aquela ocasião, nada que lhe abrisse uma janela imaginária para assistir debruçado sobre ela, fatos que fogem ao seu controle tanto cronológico quanto psicológico, pois, a vida pode ser equiparada a um livro de histórias diversas e distintas, sendo que para se compreendê-la, é preciso se ter calma e paciência, não se pode pular as páginas nem saltar de um capítulo para o outro. A origem, o começo e o fim, são acontecimentos iguais para todos, não no que diz respeito às escolhas e sim, ao nível de dificuldades, já que lhe é imputado um desafio ao qual você tem capacidades de sobra para superar, o que pode estar ocorrendo é que você ainda não tenha descoberto tais aptidões. Não existem épocas melhores ou piores, todas elas têm, tiveram e sempre irão conter suas dificuldades e mazelas.

Agradeça, seja grato por cada gota de suor do seu trabalho e os resultados de sua intensa labuta. É nisto que consiste o trabalho duro, basear-se em bons exemplos para ter o seu próprio portfólio, aprender a contornar obstáculos e compreender qual a melhor forma de aplicar seus conhecimentos. As conquistas nada mais são que o mérito da sua dedicação, e para isso, se leva tempo! É na virtude da espera que se amadurece, ter a certeza de que irá colher lá na frente os frutos de acordo com a semente de cada árvore que você plantou anteriormente nos dias de chuva, a fim de que elas germinassem, a partir daí você passa todo seu precioso tempo zelando os brotos que irão nascer e, a posteriori, as lindas árvores que esses pequeninos se tornarão. Contrariamente a este pensamento, a urgência do agora para se obter o resultado das coisas é o ápice para o fracasso de qualquer ação e decisão tomada. Por querer que tudo se acelere, nesta iminência dos dias atuais é que as pessoas se frustram com tanta convicção quando tudo dá errado, porque passam tempo demais preocupadas em realizar tudo rapidamente, que não se preparam nem se programam para possíveis falhas e contratempos e, de um certo modo, começam a achar que são invencíveis, incansáveis, irrefreáveis, quando, na verdade, elas são e muito. Quando o revés ocorre, não há um “plano b” previamente estabelecido para se reerguer dos escombros, o que resta, é um sentimento de fracasso enorme que parece ser maior que toda a força que a pessoa possui dentro de si para se inovar e tentar novas formas, novas maneiras. Elas estão ocupadas demais remoendo as supressões para perceber que é nesta regra básica que está fundamentada a vida: em perdas e ganhos.

Como já foi dito, as moléstias são várias, parece que somos bombardeados sob todos os ângulos com flechas vindas de todas as direções possíveis, apesar de tudo, somos dotados de capacidades múltiplas e, decerto, como sendo um constante processo de evolução, é isso que a existência “espera” de nós: que nos reinventemos, nos recriemos e ressurjamos das cinzas. Assim sendo, busque ser positivista mesmo em meio aos tantos problemas, entenda que a vida, assim como a maioria das coisas, é feita de fases e mais fases, são lições valorosas em que algo sempre lhe será ensinado, você não irá conseguir aprender nada se dar meia volta e regressar ao se deparar com uma muralha, muro ou alguma espécie de parede à sua frente. Se há uma montanha, escale-a. Se há um rio, atravesse-o. Se há um enorme vale, contorne-o. Ignore o medo de altura, deixe de lado o receio de se molhar e não tenha preguiça de andar um pouco mais em busca da passagem para seguir adiante.

Observe ao seu redor, uma infinita gama de cores. Todas as espécies de plantas e animais que por aí estão espalhados. A imensidão do céu que lhe contempla tanto ao dia quanto à noite com bilhões de estrelas que cintilam sobre nossas cabeças e nos renovam a esperança de dias melhores ao observá-las e absorver a essência de momentos em comunhão com a natureza, a obra-prima de Deus. Diante a todas estas maravilhas e diversidades, frente a todo este imenso universo onde nosso planeta é apenas um minúsculo ponto azul em meio a tantas galáxias, fica logo explícito a nossa pequenez e a nossa insignificância comparada a tudo isso, já que somos seres finitos, limitados, mas, que possuímos o cérebro mais desenvolvido dentre todas as criaturas e, infelizmente, ainda assim somos capazes de cometer atrocidades quase que inacreditáveis. Todavia, tudo é uma questão de escolha, o homem se torna aquilo que corresponde ao caminho ao qual ele se submete e opta por trilhar e, se afoga no seu próprio mar de incertezas ao qual mergulhou em dado momento da vida quando passou a se esgueirar por um caminho de ilusões e deslumbres passageiros.

O fascínio da criação é maravilhoso. Pena que as pessoas pedem muito, agradecem pouco e reclamam demais. Cobram de si mesmas até mais do que deveriam e, exigem umas das outras um mundo inteiro, quando elas mesmas seriam egoístas demais para conceder tamanha prática. O mundo está repleto disso, milhares de armadilhas e ciladas que as pessoas caem e se permitem envolver ao longo de sua vivência, elas vão se iludindo, se ludibriando, enganando a si mesmas e as demais ao seu redor, eis que a soberba vai as corroendo de pouco em pouco como ferrugem que corrompe o metal. No entanto, o que esperar de uma raça que aprendeu a pensar (e de certa forma), pensar só em si mesma? Será que o tamanho raciocínio que conquistamos é vago demais para que possamos ir além das capacidades adquiridas e enxergar o quanto ainda precisamos caminhar e progredir tanto intelectual quanto espiritualmente? No “mercado da vida” as pessoas estão inteiramente alienadas e vendem sonhos, rifam sentimentos, apostam corações, jogam umas com (e contra) as outras, como se fossem meras peças de um xadrez de marfim, colocando na vitrine os valores mais nobres para alcançar um status insaciável num futuro que é contestável. Ao certo, se tornarão totalmente pobres e vazias: de amor, de companhia verdadeira e de um afeto, de sinceridade e de valores. Será então que irão finalmente perceber que semearam vento e por assim ser (como já diz o dito popularesco): irão colher ventania.

Que as pessoas se vendem a baixo custo, já não é mais uma novidade, nem tampouco uma descoberta digna de um prêmio Nobel. Tais comportamentos grotescos, néscios e repudiáveis se iniciaram assim que o ser humano começou a pensar de forma racional. Ao se descobrir livre, descobriu-se também dominante e superior às demais espécies que não faziam uso da razão e não eram dotadas de igual inteligência. Porém, como tudo que é bom acaba sendo mal-empregado e distorcido de algum modo, por própria natureza egoísta e individualista adquirida com a evolução e o desenvolvimento do pensamento lógico pela nossa espécie, o homem começou a fazer mal uso de sua liberdade e, seu livre arbítrio se tornou assim uma prisão dolorosa demais onde ele, acorrentado em seus próprios delitos e delinquências, afogou-se no remorso, afundou-se no arrependimento e se perdeu. Uma pessoa totalmente contrariada com o resultado de suas ações podres e repudiáveis que exerceu ao decorrer da vida e, sem chances aparentes ou muitas possibilidades de correção de cada erro, submersa até o pescoço em remordimentos, completamente corrompida e absolutamente magoada com o desenlace de seus feitos, por fim, dá seu último passo em direção ao abismo da morte, completamente sozinha e com a visão redondamente embaraçada, que não é capaz de enxergar uma luz que lhe possibilite iluminar outros caminhos diferentes daqueles aos quais ela mesma se submeteu de acordo com os passos traçados ao longo da vida.

De modo semelhante ao que nos diz o evangelho em Hebreus que a fé vem da pregação, é importante ressaltar que assim também é quando o assunto em pauta é a mudança, sendo que esta, diferente das Boas-Novas de Cristo, nos vem através da dor. Nunca ninguém irá buscar se tornar alguém melhor ou diferente, sem que isto lhe tenho sido custoso, ou despertado por meio de uma dor seja ela financeira, psicológica, física, emocional, seja, por uma perda que lhe deixou impactado ou profundamente contrito. O arrependimento por sua vez, acompanhante inseparável deste tipo de dor (perda por não ter valorizado algo ou alguém), quando tardio, só lhe serve para mostrar um caminho diferente a se seguir a partir dali, baseado nos erros irreparáveis causados e feitos no passado, já em casos mais extremos, ele acaba sendo o estopim, a gota d’água e o gatilho que impulsiona a pessoa para que ela mesmo de um fim à sua existência, mas, nas hipóteses em que o indivíduo se arrepende a tempo de corrigir um mal feito, o desgosto pode servir de salvação para que ele corrija tudo, antes que tais consequências lhe causem um “rombo” maior e irreparável em sua vida. O arrependimento é um sentimento ruim não há como negar, mas, há como evitar muitos deles. Tudo é, (como já dito) consequência de uma liberdade mal utilizada, interpretada e empregada, uma vez que ser livre consiste em si numa responsabilidade muito grande que se tem em mãos. Ser livre, é como portar um revólver carregado: você é que tem o poder e a permissão para atirar ou não, nada obstante, tem pleno conhecimento das consequências de seus atos.

É muito importante saber o valor da vida e vangloriar uma a uma as suas conquistas, pois, envolveram e um esforço e uma dedicação de tempo muito grande de sua parte. Quando a morte chega é um desespero, é um enorme baque, ninguém está preparado para este momento que vem como uma sombra túrbida e escura que cobre toda luz do maravilhoso dia que existia até então. Quando ela chega, toda finitude humana é posta à exposição, impactando desde o mais valente até o mais receoso, todos se curvam diante à morte, porque ela é a única certeza que o futuro reserva para todos que se encontram agora vivos e, talvez, desperdiçando a vitalidade que lhes foi concebida, desafiando as leis que lhes foram impostas, fazendo péssimo uso da autonomia que lhes foi atribuída.

Enfim, é incrível o caminho que se traça até que se alcance em fim um sonho, uma realização, um objetivo, ou algo qualquer que se almeja tanto. Além de nos preparar com cada obstáculo que nos obriga a pensar em novas rotas, com exceção de tantos contratempos que às vezes nos impedem de sair em busca de respostas e oportunidades e nos obrigam a ficar um pouco mais onde estamos apenas refletindo no que já foi feito até o instante atual, e mesmo além de cada lagrima surtida no momento derradeiro da emoção, a despeito de tudo isso, é preciso ter a plena certeza de que este caminhar é o que nos fortalece, sem ele, nenhuma conquista seria justa, nem um plano valido e, tampouco o sucesso teria algum sentido se você não tivesse um legado precedentemente construído, do qual você se orgulha tanto de relembrar e possuir tal título de significado para o resto de sua vida.

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