Vem fria, no relento da noite,
Ou no breve declínio da aurora,
Sorrateira. Silenciosa,
Sem marcar o dia, sem marcar a hora,
Entorpecendo minha alma…
Embaraçando minha fala,
Veio, para me levar embora.
Em boa hora, ou talvez não,
Pois fico aqui,
E venero até o último suspiro,
Estagnado! Sem choro. Sem grito…
E nesse murmúrio final, eu espero,
Poder pedir perdão,
De poder, por mais alguns segundos,
Aliviar a dor em meu coração,
Recordar-me de tudo,
E me sentir honrado,
Por tudo que me foi dado,
Enquanto saboreio,
O amargo gosto da morte,
Asfixiando-me lentamente,
Só pra sentir o prazer,
De me ver clamando por piedade.
Tirando-me o ar,
Dissolvendo-me o sorriso,
Tirando-me a esperança,
Ofuscando-me o brilho dos olhos,
Impiedosamente,
Enquanto me despeço da vida,
Já meio inconsciente.
por Júnio Liberato
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